Pesquisa da CNI mostra que a inovação de processos e de produtos foi o principal objetivo dos projetos tocados no ano passado. A maioria das empresas comprou máquinas e equipamentos
Com o fim da recessão, as grandes indústrias brasileiras voltaram a investir. Depois de três anos consecutivos de queda, os investimentos aumentaram em 2017 e a previsão é que continuem crescendo em 2018. Estimuladas pelo aumento da demanda e pelo avanço tecnológico, 76% das empresas fizeram algum tipo de investimento no ano passado, o maior percentual desde 2015. Entre elas, 47% conseguiram investir conforme o planejado, o melhor resultado desde 2012, informa a pesquisa Investimentos na Indústria, divulgada nesta quarta-feira (23) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).
O levantamento mostra que apenas 6% das grandes indústrias cancelaram os planos de investimentos no ano passado, o menor percentual desde 2014. "Isso confirma a retoma gradual da economia", afirma o gerente-executivo de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco. Ele explica que, mesmo com o baixo ritmo de crescimento, as empresas sentiram necessidade de retomar os investimentos.
Entre as indústrias que investiram no ano passado, 58% aplicaram em projetos que estavam em andamento e 42% começaram novos projetos. "O percentual de novos projetos é o maior desde 2012, quando alcançou 47%", diz a pesquisa. A compra de máquinas e equipamentos, com 64% das assinalações, foi o principal investimento feito em 2017. Em seguida, com 14% das respostas aparece a compra de novas tecnologias, incluindo a automação e tecnologias digitais.
NOVOS PROCESSOS E PRODUTOS - A pesquisa mostra ainda que o principal objetivo dos investimentos em 2017 foi a inovação dos processos e de produtos. A melhoria dos processos produtivos obteve 34% das citações e ficou em primeiro lugar entre os objetivos dos investimentos. A introdução de novos produtos teve 15% das menções e a introdução de novos processos produtivos ficou com 5% das respostas. Com isso, os investimentos em inovação de processos ou de produtos tiveram 54% das respostas.
"Isso mostra que as empresas estão preocupadas com a concorrência, especialmente com os estrangeiros", avalia Castelo Branco. "A demanda é dinâmica. Os consumidores sempre querem produtos novos e melhores, o que exige das empresas melhorias de processos e, principalmente, atualização e inovação de produtos." O aumento da capacidade de produção foi citado por 22% dos empresários como o principal objetivo dos investimentos no ano passado. "A capacidade ociosa da indústria ainda é grande. Portanto, a necessidade de investir em novas plantas é menor. A preocupação com o aumento da capacidade instalada virá com o maior crescimento da demanda e o aumento do ritmo de recuperação á economia", diz Castelo Branco.
De acordo com o levantamento, 75% dos investimentos feitos em 2017 foram com o capital próprio das empresas. A participação dos financiamentos de bancos de desenvolvimento caiu para 10% em 2017, o menor percentual desde 2010, quando começou a série histórica. Os empresários citaram a burocracia e a falta de recursos financeiros como os principais fatores que desestimularam os investimentos no ano passado. "A inexistência de fontes de financiamento de longo prazo faz com que as empresas tenham que lançar mão de recursos próprios para fazer investimento. Como a rentabilidade das empresas ficou comprometida com a crise, a falta de fontes de financiamentos é um fator que limita os investimentos".
ESTIMATIVAS PARA 2018 – A intenção de investimento para 2018 também é positiva: 81% das grandes indústrias pretendem fazer algum tipo de investimento este ano, o maior percentual desde 2014. Entre as empresas que pretendem investir, 39% aplicarão os recursos em novos projetos. A compra de máquinas e equipamentos, com 60% das menções, será o principal investimento deste ano. Em seguida, com 18% das repostas, as empresas citaram a compra de novas tecnologias, como automação e tecnologias digitais.
A pesquisa da CNI mostra também que a recuperação da economia fez com que as empresas investissem especialmente no mercado interno. "Das empresas que pretendem investir em 2018, apenas 8% tem como alvo principalmente ou somente o mercado externo", diz o levantamento.
Castelo Branco alerta, no entanto, que a recente valorização do dólar e as incertezas sobre as eleições podem influenciar os planos de investimentos. "A grande questão hoje é o que vai acontecer após as eleições. Qual será a política econômica, quais as prioridades e, principalmente, como será atacado o problema fiscal. Precisamos ter estabilidade de regras macroeconômicas e, principalmente, confiança em relação ao ajuste fiscal", conclui. “Se a mudança do patamar de câmbio for permanente isso pode favorecer a competitividade dos produtos industrias e alavancar investimentos".
Esta edição da pesquisa anual foi feita com 632 empresas de grande porte, com 250 ou mais empregados, entre os dias 24 de janeiro e 19 de março.
SAIBA MAIS: Acesse a página de estatísticas da CNI e leia a íntegra da pesquisa Investimentos na Indústria.
Da Agência CNI de Notícias